Quadrinhos: A dificuldade de se achar fontes confiáveis para pesquisa!

É um mundo que não se tem muitos livros confiáveis sobre pesquisa de quadrinhos. Para qualquer informação concreta, ela necessita de uma grande pesquisa para poder cravar alguma certeza. Um artigo muito bom no site Universo HQ escrito por Sergio Codespoti, fala bem disso, que para quem gosta de quadrinhos ter a possibilidade de conseguir uma pesquisa confiável é muito difícil. O dezinformado fala um pouco disso, sobre...

Quadrinhos, uma pesquisa ingrata.

"Existem centenas de livros sobre quadrinhos, em várias línguas, mas muitos deles incluem erros de datas e nomes, ou repetem informações já caducas, que há anos foram atualizadas, ou se limitam a materiais de referência de apenas uma origem (por exemplo, autores estadunidenses) e acabam sendo cúmplices na omissão dos outros.

São poucas as obras precisas e criteriosas que se pode consultar sem ter que confirmar as informações com outras fontes.
Informações sobre autores, também é algo muito complicado. Se o autor for brasileiro, por exemplo,  existe outra agravante, a quase total falta de biografias de quem fez e faz quadrinhos no País.
Sobre personagens, um exemplo é o Tarzan que ao contrário do que está escrito na maioria dos livros teóricos sobre Tarzan, a estreia do personagem nos quadrinhos não aconteceu em 1929 – junto com Buck Rogers. Na verdade, isso aconteceu em novembro de 1928, na revista semanal inglesa Tit-Bits, quase dois meses antes do lançamento nos Estados Unidos e Canadá. A informação não é “secreta”, está no livro Hal Foster, de Brian M. Kane (Vanguard Productions, 2001).
Outro problema é a falta de arquivos e coleções definitivas. Veja o caso do personagem Namor. Até 1975, se acreditava que ele havia surgido na revista Marvel Comics # 1, cuja data de capa é de outubro de 1939.
Em 1975, porém, foram descobertas cópias da revista Motion Pictures Funnies Weekly # 1 (que só possui nove cópias “sobreviventes”), de abril de 1939, com a mesma história do Namor, mas com apenas oito páginas. A HQ publicada em Marvel Comics # 1 possui quatro páginas extras.
Essa revista trouxe outra curiosidade à tona. Algumas de suas edições são conhecidas comoPay Copy, pois nelas Lloyd Jacquet (o responsável pelo estúdio Funnies Inc.) anotava os valores pagos para os artistas pelas histórias, incluindo datas e números de cheques.
É por isso que se sabe quanto Bill Everett e Carl Burgos ganharam para criar o Namor e o Tocha Humana. O autor recebeu 83,25 dólares pelas oito páginas de Namor em MPFW # 1; e a quantia chegou a 96 dólares depois que ele desenhou mais quatro páginas para Marvel Comics # 1 (as 12 páginas finais de Namor).
Burgos recebeu 128 dólares pelas 16 páginas do Tocha Humana (de Marvel Comics # 1).Esses valores são de 1939.
A revista Motion Pictures Funnies Weekly foi cancelada antes da produção dos outros números. Apesar disso, foram produzidas capas para as edições # 2, # 3 e # 4 do título.
A descoberta de Motion Pictures Funnies Weekly invalidou diversos livros sobre quadrinhos publicados na década de 1970. Esse tipo de problema continua existindo, uma vez que poucos (mas eles existem) livros teóricos são reimpressos com correções.
Outro exemplo, mais recente, de um problema relativo à pesquisa é o tratamento da origem da personagem Isabel Kane, da Marvel Comics, que ganhou superpoderes em Avengers – Volume 5 #1, de fevereiro de 2013, e se tornou a heroína Smasher (posteriormente, Messenger).
Na revista original, seu nome era Isabel Dare e seu avô se chamava Dan. Para quem não sabe, Dan Dare é o nome de um famoso herói de quadrinhos das revistas inglesas, criado em 1950, por Frank Hampson.
A Marvel retificou a homenagem na edição encadernada da série. Atualmente, Isabel se chama Isabel Kane, e seu avô era Daniel “Dan” Kane, mais conhecido como o herói da Era de Ouro, Capitão Terror (Captain Terror), que surgiu em 1941.
Fica a impressão de que são realmente poucos e raros os livros nos quais os pesquisadores podem confiar. Parece que cada informação, por mais ínfima que seja, precisa ser verificada em duas, três ou mais fontes. Não é possível apenas replicar o que está nos livros e enciclopédias de HQs.
Os autores estadunidenses particularmente são mestres em repetir erros de “estudiosos” da década de 1960 e 1970. A divisão que eles fazem de tiras e comic books, como se fossem coisas completamente distintas e diferentes, e o fato de que costumam excluir o resto do planeta de suas pesquisas também atrapalham muito, tanto no estudo da história das HQs, quanto no estudo da evolução da narrativa. Uma pena."

Um texto muito bem feito, postei adaptado, que está no site na integra http://www.universohq.com, escrito por Sergio Codespoti.

É uma amostra do quanto qualquer pesquisa que seja muito afastada no tempo (como as cruzadas ou a Idade Média, por exemplo) tem esses problemas. Além disso, qualquer área vista como "não importante" para a sociedade intelectual, como esportes, festas populares ou costumes também têm essa dificuldade.
Por isso, quando você estuda História de qualquer assunto, não tem jeito mesmo: tem que ler uns 20 livros para obter uma pista que pode - ou não - ser verdadeira.
Curtiu? Compartilhe...

Comentários